terça-feira, 15 de janeiro de 2008

O caso Wal-Mart (Parte II)

Outubro/2007 - A rede de varejo americana Wal-Mart Stores Inc. poderá elevar suas vendas em 287 milhões de dólares por ano ao ajustar apenas uma pequena parte de seus problemas de estoque com o uso das etiquetas inteligentes por radiofreqüência (RFID). E esse montante pode ser só o começo, segundo um executivo da gigante americana.

A maior rede de varejo do mundo, com vendas de 345 bilhões de dólares no ano passado, está no aguardo para que o projeto de RFID torne a previsão uma realidade nas suas 4.068 lojas dos Estados Unidos.

O ponto chave é garantir que as etiquetas estejam aplicadas em todos os produtos, além de instalar um aparelho RFID no veículo que vai transportar as cargas, de modo que ele aponte ao motorista exatamente onde deve ficar cada ítem dentro dos armazéns de estoque.

"Este é um assunto muito importante o Wal-Mart", disse Ron Moser, que lidera a estratégia de RFID da companhia e participou do Taiwan International RFID Applications Show, em Taipei.

A empresa é largamente vista como uma das alavancas mundiais da tecnologia RFID, mas deu alguns passos errados. Ela não cumpriu sua própria meta de instalar a tecnologia em 12 dos seus 137 centros de distribuição, no ano passado, e, em Abril, se dispôs a colocar a inovação em mil de suas lojas, mas, até o momento, só instalou o RFID em 975 delas.

O Wal-Mart começou a trabalhar com a tecnologia das etiquetas inteligentes em 2003 e espera o roll-out dessa novidade para resolver problemas de estoque tanto nos Estados Unidos como no Canadá.

A dificuldade em encontrar certos itens no estoque quando necessário causa à varejista uma série de dores de cabeça. Um deles é que a demora em encontrar o produto pode fazer com que o cliente deixe de buscá-lo nas gôndolas, o que representa perdas para a companhia.

Um estoque desordenado também pode levar a compras desnecessárias de produto junto ao fornecedor, já que os administradores podem achar que a gôndola está vazia por falta de produto, quando na verdade ele existe nos estoques, mas não é localizado.

Ao colocar as etiquetas em todos os produtos, a companhia pode encontrá-los com facilidade, onde quer que eles estejam, de modo rápido e eficaz. Em cada loja do Wal-Mart que a tecnologia foi instalada, o impacto foi imenso na recuperação de vendas perdidas.

Normalmente, cerca de 2% de todas as vendas perdidas acontecem pelo simples fato de que um ítem se esgotou no estoque, mas 41% das perdas são provocadas por problemas de inventário, ressaltou Moser. Se o RFID puder evitar 10% desse problema, o Wal-Mart ganhará 287 milhões de dólares por ano em vendas que deixarão de ser perdidas, calculou.

Ele estima que o RFID tenha um impacto ainda maior do que teve o sistema de código de barras quando a tecnologia foi introduzida, em 1984. Com o RFID, Moser espera que a precisão dos estoques possa ser amplamente elevada.

Até o momento, 600 dos principais fornecedores do Wal-Mart começaram a usar RFID para se adequar à iniciativa da companhia. "Alguns deles não percebem nenhum benefício no uso dessa tecnologia e só adotaram porque o Wal-Mart pediu", afirmou Moser. "Iremos trabalhar com esses fornecedores para ajudá-los a encontrar formas de redução de custos e outros benefícios com essa aplicação", disse ele.

O caso Wal-Mart (Parte I)

Maio/2004 - O Wal-Mart começa com o rastreamento de pallets e caixas de produtos com as etiquetas EPC (Electronic Product Codes) em um de seus centros de distribuição e sete de suas lojas no Texas, como parte de um teste sendo conduzido com oito fornecedores. Os produtos são fornecidos em caixas e pallets identificados com etiquetas RFID transportando Código Eletrônico de Produtos (Electronic Product Codes, ou EPC). Os produtos são rastreados até os fundos de sete lojas Wal-Mart no Texas. O Wal-Mart está encarando o ato como um teste, mas Simon Langford, gerente do Wal-Mart para estratégias em RFID, considera que esse é o início do roll-out da tecnologia do EPC planejado pela companhia. “No ano passado, quando fizemos um briefing com nossos fornecedores, dissemos que planejamos fazer um teste piloto no mundo real em um centro de distribuição e várias lojas”, ele diz. “Está nos nossos planos desde o começo e é uma seqüência natural dos nossos testes de laboratório”. O Wal-Mart disse em Junho de 2003 que iria exigir que seus 100 principais fornecedores começassem o envio de pallets e caixas etiquetadas em Janeiro de 2005. O revendedor gastou quase um ano fazendo testes em um laboratório especializado em RFID. Os oito fornecedores participando do teste são Gillette, Hewlett-Packard, Johnson & Johnson, Kimberly-Clark, Kraft Foods, Nestlé Purina PetCare Co., Procter & Gamble e Unilever. O Wal-Mart diz que mais companhias serão adicionadas conforme o teste progrida. “Somos gratos a essas companhias pelo seu compromisso em melhorar o processo das cadeias de fornecimento. Não é fácil ser um pioneiro... Mas é assim que o progresso é feito, e essas oito companhias estão na linha de frente da revolução da maneira com que fazemos negócio”, diz Linda Dillman, CEO do Wal-Mart. Inicialmente, apenas 21 dos mais de 100.000 produtos nos estoques de um típico Wal-Mart Supercenter serão incluídos no teste. Pallets e caixas etiquetadas desses produtos chegarão no centro de distribuição regional do Wal-Mart, onde leitores nas portas das docas irão automaticamente fazer um rastreamento das etiquetas. Os dados serão passados para um requerimento que avisará revendedores, times de merchandising e fornecedores de produtos que aquele carregamento específico chegou. Nos centros de distribuição, as caixas serão removidas dos pallets e processadas, como de costume, e então serão levadas de caminhão às sete lojas participantes do Wal-Mart. Quando as caixas etiquetadas chegarem aos fundos dessas sete lojas, as etiquetas nas caixas serão lidas e automaticamente será confirmado o recebimento do carregamento. O Wal-Mart espera ler 100 por cento de todos os pallets chegando às portas das docas nos centros de distribuição e lojas equipadas com leitores, e 100 por cento de todas as caixas etiquetadas em transportadores dentro dos centros de distribuição. Langford diz que o Wal-Mart espera chegar aos 100 por cento de precisão na leitura, e o teste piloto deve confirmar que isso é possível. Os revendedores insistiram que a meta é melhorar a disponibilidade dos produtos nas prateleiras dentro das lojas e que preocupações com a privacidade estão sendo levadas em conta. “Com certeza entendemos e valorizamos a preocupação dos consumidores com a privacidade”, disse Dillman. “Por isso queremos que os consumidores saibam que as etiquetas RFID não vão conter qualquer informação adicional sobre os consumidores. Na verdade, em um futuro não muito distante, não haverá leitores de RFID em nossos andares principais das lojas”. Caixas etiquetadas podem aparecer nos andares de vendas das sete lojas do Wal-Mart envolvidas no teste, assim como em outras lojas (que atualmente não possuem leitores RFID nas portas de suas docas) ligadas ao centro de distribuição do Texas. Alguns produtos individuais (caixas de um ítem, como o Wal-Mart se refere a elas) terão etiquetas. Isso inclui dois tipos de impressoras HP e um HP ScanJet scanner. As etiquetas estarão nas embalagens desses produtos individuais e a embalagem será marcada com um símbolo do EPCglobal, indicando que uma etiqueta EPC está presente. As etiquetas serão removidas quando a embalagem for jogada fora, e os consumidores não serão rastreados quando deixarem a loja. Sinais com o logo da EPCglobo serão colocados na prateleira onde os produtos da HP são vendidos para ajudar os consumidores a identificar os itens com etiqueta. Muitos daqueles que estão envolvidos com o teste e o desenvolvimento e distribuição da tecnologia EPC sentem que este é um momento significativo, comparável com o primeiro scanning comercial de um Código de Produto Universal, feito com um pacote de 10 unidades de chicletes da Wringley, em 26 de junho de 1974. “É um dia histórico”, diz Jack Grasso, porta-voz da EPCglobal, que estará vendo de perto a primeira chegada de produtos etiquetados. “Esta é a primeira vez que a tecnologia EPC está sendo usada em uma aplicação real. É um sinal da quantidade de movimento que está por trás da EPCglobal e da tecnologia EPC”. (Texto escrito por Mark Roberti, do RFID Journal Tradução: Diego Olivares)

A primeira patente

Mario W. Cardullo requereu a patente para uma etiqueta ativa de RFID com uma memória regravável em 23 de janeiro de 1973. Nesse mesmo ano, Charles Walton, um empreendedor da Califórina, recebeu a patente por um transponder passivo usado para destravar uma porta sem a utilização de uma chave. Um cartão com um transponder embutido comunicava com um leitor/receptor localizado perto da porta. Quando o receptor detectava um número de identificação válido armazenado na etiqueta RFID, a porta era destravada através de um mecanismo.

O governo dos Estados Unidos também tem voltado atenção para os sistemas RFID. Na década de 1970, o laboratório nacional de Los Alamos teve um pedido do departamento de energia para desenvolver um sistema para rastrear materiais nucleares. Um grupo de cientistas idealizou um projeto onde seria colocado um transponder em cada caminhão transportador, o qual corresponderia com uma identificação e potencialmente outro tipo de informação, como, por exemplo, a identificação do motorista.

No começo da década de 90, engenheiros da IBM desenvolveram e patentearam um sistema de RFID baseado na tecnologia UHF (Ultra High Frequency). O UHF oferece um alcance de leitura muito maior (aproximadamente 6 metros sobre condições boas) e transferência de dados mais velozes. Apesar de realizar testes com a rede de supermercados Wal-Mart, não chegou a comercializar essa tecnologia. Em meados de 1990, a IBM vendeu a patente para a Intermec, um provedor de sistemas de código de barras. Após isso, o sistema de RFID da Intermec tem sido instalado em inúmeras aplicações diferentes. Mas a tecnologia era muito custosa comparada ao pequeno volume de vendas, e a falta de interesse internacional.

O RFID utilizando UHF teve uma melhora na sua visibilidade em 1999, quando o Uniform Code Concil, o EAN internacional, a Procter & Gamble e a Gillette se uniram e estabeleceram o Auto-ID Center, no Instituto de Tecnologia de Massachusets. Dois professores, David Brock e Sanjay Sarma, têm realizado pesquisas para viabilizar a utilização de etiquetas de RFID de baixo custo em todos os produtos feitos, e rastreá-los. A idéia consiste em colocar apenas um número serial em cada etiqueta para manter o preço baixo (utilizando-se apenas de um microchip simples que armazenaria apenas pouca informação). A informação associada ao número serial de cada etiqueta pode ser armazenada em qualquer banco de dados externo, acessível inclusive pela Internet.

A História do RFID

A tecnologia de RFID tem suas raízes nos sistemas de radares utilizados na Segunda Guerra Mundia. Os alemães, japoneses, americanos e ingleses utilizavam radares – que foram descobertos em 1937 por Sir Robert Alexander Watson-Watt, um físico escocês – para avisá-los com antecedência de aviões enquanto eles ainda estavam bem distantes. O problema era identificar dentre esses aviões qual era inimigo e qual era aliado. Os alemães então descobriram que se os seus pilotos girassem seus aviões quando estivessem retornando à base iriam modificar o sinal de rádio que seria refletido de volta ao radar. Esse método simples alertava os técnicos responsáveis pelo radar que se tratava de aviões alemães (esse foi, essencialmente, considerado o primeiro sistema passivo de RFID).

Sob o comando de Watson-Watt, que liderou um projeto secreto, os ingleses desenvolveram o primeiro identificador ativo de amigo ou inimigo (IFFIdentify Friend or Foe). Foi colocado um transmissor em cada avião britânico. Quando esses transmissores recebiam sinais das estações de radar no solo, começavam a transmitir um sinal de resposta, que identificava o aeroplano como Friendly (amigo). Os RFID funcionam no mesmo princípio básico. Um sinal é enviado a um transponder, o qual é ativado e reflete de volta o sinal (sistema passivo) ou transmite seu próprio sinal (sistema ativo).

Avanços na área de radares e de comunicação RF (Radio Frequency) continuaram através das décadas de 50 e 60. Cientistas e acadêmicos dos Estados Unidos, Europa e Japão realizaram pesquisas e apresentaram estudos explicando como a energia RF poderia ser utilizada para identificar objetos remotamente.

Companhias começaram a comercializar sistemas antifurto que utilizavam ondas de rádio para determinar se um ítem havia ou não sido pago. Era o advento das tags (etiquetas) denominadas de "etiquetas de vigilância eletrônica" as quais ainda são utilizadas até hoje. Cada etiqueta utiliza um bit. Se a pessoa paga pela mercadoria, o bit é posto em off ou 0 o que fará com que os sensores não disparem um alarme. Do contrário, o bit continua em on ou 1, e caso a mercadoria passe através dos sensores, o alarme será disparado.

O que é RFID?


RFID é um acronimo do nome (Radio-Frequency IDentification) em inglês que, em português, significa Identificação por Rádio Frequência. Trata-se de um método de identificação automática através de sinais de rádio, recuperando e armazenando dados remotamente através de dispositivos chamados de tags RFID.

Uma tag RFID é um pequeno objeto, que pode ser colocado em uma pessoa, animal ou produto. Ele contém chips de silício e antenas que lhe permite responder aos sinais de rádio enviados por uma base transmissora.